sábado, 18 de abril de 2009

ESCOTISMO: EDUCAÇÃO ONDE SE APRENDE A SER, COM ALEGRIA*


Poster exposto no Fórum Mundial de Educação em Nova Iguaçu, março de 2006
2º Eixo temático: Ética e cidadania em tempos de Exclusão/2.5 Educação para a não violência/ Educação para a Paz.



Escotismo é um alegre jogo ao ar livre onde adultos de espírito jovial e jovens aventuram-se juntos como irmãos, velhos e moços, em busca de saúde, felicidade, destreza e desprendimento.
(BADEN-POWELL, apud UEB, 2000)
Aprender a ser o quê?
A Ser parte do Planeta, parte da espécie, da sua nação, da sociedade, da comunidade, da família. A Ser alguém que pensa e interage, que constrói e reconstrói, que critica e contribui, que busca a sua felicidade plantando boas sementes de amizade e respeito ao que lhe cerca e ao que está longe, ao igual e ao diferente, a si mesmo e ao outro.
A educação, grande preocupação de filósofos desde a idade antiga, no início do século XX começou a receber maior atenção quanto ao seu processo e aplicação, objetivos, resultados e, principalmente, a participação e o papel da criança, preocupações que iniciaram com o pensamento naturalista de Rousseau e que tiveram impacto realmente significante com a Escola Nova, iniciada segundo Gadotti (2001, p.142), pelo educador suíço Adolphe Ferrière (1879 – 1960), cuja teoria e prática disseminaram-se pelo mundo renovando a educação, que passava a valorizar a auto-formação e a atividade espontânea da criança.
Fundador do Movimento Escoteiro: Robert Stephenson Smyth Baden - Powell (1857-1941), general e “educador” inglês, B.P. criou o Método Escoteiro numa época em que a educação não tinha como objetivos a Paz entre os homens; o Respeito e contato direto com a Natureza; as coisas de Deus de forma não dogmática; a Amizade entre as Nações; a Liberdade para Aprender com Alegria e sem nenhum tipo de preconceito; como encontramos em várias fontes, por exemplo: Nagy (1987, p.15), Forestier (s/data, p. 26) e Características Essenciais do Escotismo (2001, p. 29).
Nas palavras do próprio Baden - Powell quanto à forma de ensinar disciplina aos jovens ele afirma que: “Não se obtém disciplina castigando uma criança por mau hábito, mas, substituindo-o por outra e melhor ocupação que lhe absorva a atenção e gradualmente o faça esquecer e abandonar o velho hábito.” ( UEB: 2000, p. 50) grifo nosso.
Já, Korczak (1986, p.97), perguntou aos educadores qual o seu papel e diz que o dever do educador é permitir que a criança viva e ganhe o direito de ser uma criança. Em sua crítica o autor, citou Baden - Powell e uma cerimônia chamada Fogo de Conselho feita na última noite de um acampamento:

Até o dia em que começou a exigir. Este dia ele obteve para as crianças espaço e – vergonha nossa – ordenou, qual um general, que se deixassem-nas correr e viver aventuras alegres no seio de uma comunidade fraternal onde se discute uma vida mais honesta ao redor de um fogo sob o céu estrelado.

Korczak ainda defendeu uma educação que respeitasse a individualidade do “ser criança” e propunha que fossem valorizados os sentimentos infantis que deveriam ser aprendidos também pelos adultos e, também, que a escola deixasse de ser um comércio e passasse a despertar o interesse infantil como é feito pelo exemplo do Escotismo.
O Escotismo, movimento pedagógico com caráter voluntário, completará 100 anos em 2007, está presente em 216 países e territórios, e juntamente com mais cinco entidades mundiais de educação não-formal, como por exemplo, a ACM - Associação Cristã de Moços, a Cruz Vermelha, AMGS - Associação Mundial de Guias Escoteiras (Bandeirantes, no Brasil), reúne milhões de jovens que colaboram com entusiasmo, assistidos por adultos, pelo mundo todo e que ajudaram voluntariamente no século XX a educar milhões de meninos e meninas contribuindo para a formação integral do indivíduo através destas organizações que atraem pelos jogos, esportes, aventuras, vida em grupo e a vida ao ar livre, sempre buscando a fé em Deus e colocando-se a serviço da sociedade.
A grande diferença entre outros movimentos juvenis e o Escotismo é a necessidade de conhecer a natureza e atividades ao ar livre. Isto se dá porque a filosofia escoteira ajuda ao jovem mais do que aprender a ganhar a vida, a aprender como aproveitá-la. Este era o desejo de B.P. :
O ar livre é, por excelência a escola da observação e compreensão das maravilhas deste grandioso Universo. Ele abre o espírito, habituando-nos a apreciar a beleza que está diariamente diante de nossos olhos e que não vemos. Ele revela aos jovens das cidades esse mundo de estrelas que se escondem atrás dos arranha-céus, e que as luzes das cidades e as fumaças das fábricas não permitem admirar. Ele proporciona a visão das nuvens vermelhas do pôr do sol, resplandecendo em sua glória, muito além do telhado do cinema.
(apud, UEB, 2000, p.35)
A OMMS - Organização Mundial do Movimento Escoteiro juntamente com a AMGS - Associação Mundial de Guias Escoteiras , já somam quase 1 bilhão de jovens e adultos ingressados no Movimento desde a criação do Escotismo. Esta participação na “sociedade planetária”, segundo o documento elaborado por essas organizações, Algunas Diretrizes sobre los amplios aspectos abordados por la AMGS y la OMMS em su contribución a la Paz, “pode não ser espetacular, mas é fundamental uma vez que prepara o terreno para uma paz verdadeira e duradoura.”
E não se pode alcançar a “paz verdadeira e duradoura” sem que a educação, seja ela formal, não-formal ou informal, consiga cumprir seu papel diante das novas gerações resgatando os valores fundamentais da espécie humana como a compreensão mútua, o respeito à diversidade e à complexidade de cada ser - mulheres e homens - o respeito e o cuidado com a natureza que é nosso habitat perfeito enquanto não é destruído pelas mãos e “inteligências” humanas, e a ética em todas as suas dimensões filosóficas que deveriam orientar a humanidade e que vêm dando lugar à ética do mercado financeiro e do capitalismo globalizado educando para a conquista do mercado de trabalho, a competição, o consumo acrítico, o individualismo e para a guerra já que os valores básicos de convivência pacífica quase sempre são colocados em último plano.
Devemos relacionar a ética da compreensão entre as pessoas com a ética da era planetária, que pede a mundialização da compreensão. A única verdadeira mundialização que estaria a serviço do gênero humano é a da compreensão, da solidariedade intelectual e moral da humanidade.
Edgar Morin (2002, p.102)
O Escotismo não está preocupado em nenhum momento em oferecer modelos prontos para serem seguidos nem tampouco estabelece aonde se deve chegar, pelo contrário, estimula o jovem a buscar fazer permanentemente o seu melhor possível e não, o melhor que um outro faz. No entanto, estimula a crítica reflexiva e a liderança para que se venha a ter a idéia do que é o melhor possível e para quem. A discussão como prática democrática é solicitada para que em conjunto com os jovens, chegue-se a um objetivo/solução comum para o grupo.
Estes objetivos são conseguidos através da utilização de um sistema de vários métodos que somente quando utilizados concomitantemente compõem o Método Escoteiro, embora nem sempre num primeiro olhar para um grupo de escoteiros, perceba-se a presença de todos eles interagindo: vida em equipe; atividades progressivas e variadas; aprender fazendo; lei e promessa; desenvolvimento pessoal (UEB, 2001).
LEI DO LOBINHO (crianças de 7 a 11 anos):
1o. O Lobinho sempre ouve os velhos lobos. (atenção às orientações dos adultos)
2o. O Lobinho pensa primeiro nos outros. (solidariedade)
3o. O Lobinho abre os olhos e os ouvidos. (atenção ao que acontece à sua volta)
4o. O Lobinho é sempre limpo e satisfeito. (cultivando atos de higiene física e mental)
5o. O Lobinho diz sempre a verdade. (aprendendo a ser verdadeiro)

LEI ESCOTEIRA ( para jovens a partir de 11 anos):
1o. O Escoteiro tem uma só palavra; sua honra vale mais do que a própria vida.
2o. O Escoteiro é leal.
3o. O Escoteiro está sempre alerta para ajudar ao próximo e pratica diariamente uma boa ação.
4o. O Escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais Escoteiros.
5o. O Escoteiro é cortês.
6o. O Escoteiro é bom para animais e as plantas.
7o. O Escoteiro é obediente e disciplinado.
8o. O Escoteiro é alegre e sorri nas dificuldades.
9o. O Escoteiro é econômico e respeita o bem alheio.
10o. O Escoteiro é limpo de corpo e alma.

Verifica-se nos princípios acima, o convite à prática de um código de ética e conduta com a presença de valores e virtudes que nem sempre, ou quase nunca, são explicitados na educação formal, assim como os problemas decorrentes da prática ou da falta destes valores que são as bases para vivência e a convivência como ser humano. Sobre a necessidade de ensinar as virtudes nas escolas e a constatação desta ausência, Caporali nos fala:

Mas a escola nunca estuda esses assuntos. (...) Em meu sentimento é impossível perceber esse vazio acadêmico e o absurdo que ele significa – um vazio moral que acaba por gerar uma anomia moral – sem se colocar em estado de perplexidade: o que teria acontecido? (...) Que processo teria retirado a ética da educação? (2001, p.17)

Podemos identificar nas Leis Escoteiras virtudes como: Honra; Lealdade Compaixão e Humildade; Solidariedade e Cortesia; Temperança; Coragem e Humor; Sabedoria, Pureza e Prudência. Valores que no passar do tempo ficaram em último plano nos currículos escolares, assim como o civismo, claramente incentivado nas Promessas de Lobinhos e Escoteiros.
Percebe-se ainda, implícito, nas leis escoteiras, a orientação espiritual, por exemplo, o artigo X da Lei Escoteira: o escoteiro é limpo de corpo e alma; onde além do cuidado com o corpo físico, há preocupação com o espírito que deve ser orientado para a busca de Deus, sem no entanto, preterir qualquer religião.

Declaração da Missão do Escotismo aprovada pela Resolução 3/99 da 35ª Conferência Escoteira Mundial seguida pela UEB - União dos Escoteiros do Brasil (2001):
A missão do Escotismo é contribuir para a educação dos jovens, por meio de um sistema de valores baseado na Promessa e na Lei Escoteiras, para ajudar a construir um mundo melhor onde as pessoas se realizem como indivíduos e desempenhem um papel construtivo na sociedade.
Isto é alcançado:

1) envolvendo-os, durante os anos de sua formação em um processo de educação não-formal;
2) utilizando um método específico que torna cada jovem agente principal de seu próprio desenvolvimento, como uma pessoa autoconfiante, solidária, responsável e comprometida; e
3) auxiliando-os na construção de um sistema de valores baseados nos princípios espirituais, sociais e pessoais expressos na Promessa e na Lei.


CONCLUSÃO
Aprender a Ser alguém Feliz, a Ser Cidadão do Mundo. Para que isso aconteça a sociedade deve se preocupar em oferecer meios, ambientes e exemplos. Para aprender a Ser, a criança e o jovem necessitam praticar a reflexão sobre o certo e o errado dentro da sua cultura, o que é certo e errado em relação à sua vida e a do outro, onde começam e acabam seus deveres e limites. Mas para isso precisam ser orientados, precisam de circunstâncias que lhes levem à reflexão e ao debate, a aprenderem a ouvir e serem ouvidos. No entanto, sem alegria, não se aprende a ser bom, otimista, criativo, solidário e participativo, a Ser Humano em toda a sua plenitude e complexidade. Daí a necessidade de um ambiente favorável a novas descobertas: de amizade, de alegria e cooperação, do contato prazeroso e consciente com a natureza e com Deus.

Vimos que é possível como apresentado no texto acima. Um Método rico de idéias onde o bem-estar da criança e do jovem e a orientação para uma vida adulta saudável, em todas as suas dimensões, são norteadores de uma construção pedagógica interacionista que também tem uma visão holística do ser humano. Palavras-chave: Escotismo, cidadania, educação para a paz.


* Baseado no Trabalho de Conclusão de Curso, habilitação em Pedagogia, “EDUCAÇÃO NÃO FORMAL, TENDO COMO EXEMPLO DE MODELO PEDAGÓGICO, O MÉTODO ESCOTEIRO” apresentado à Universidade da Cidade do Rio de Janeiro em dez/2004 e registrado na Fundação Biblioteca Nacional.

A importância dos vínculos no ambiente educacional

A importância dos vínculos no ambiente educacional
Publicado em 20-05-2006 em
Ana Paula C. Pereira

A preocupação com as relações interpessoais onde há educação intencional são tão importantes quanto a preocupação em formular um projeto pedagógico, escolher o material didático, professores, orientadores, educadores ou facilitadores e todas as outras preocupações inerentes ao processo educacional em toda instituição voltada para a educação, seja ela formal ou não-formal.
O fato é que sendo a educação uma atividade humana, ela se faz em torno das relações entre os sujeitos de forma recíproca ( inter-relação) e também do sujeito com ele próprio (intra-relação), seu processo de construção do conhecimento, a metacognição, suas emoções, sua auto-percepção, sua auto-estima etc. A essa inter-relação que é dinâmica e “[...] engloba tanto o sujeito quanto objeto, tendo esta estrutura características normais e alterações interpretadas como patológicas”, Pichon-Rivière (2000, p.XI), dá o nome de vínculo, neste sentido, objeto é o que/quem estabelece algum tipo de relação com o sujeito, como por exemplo, o outro e o saber.
Segundo o Professor Vandeílson Barbosa em seu artigo PROFESSOR/ALUNO: RELAÇÃO PLURIDIMENSIONAL DA EDUCAÇÃO,

O ato de aprender é um fato atrelado à relação que se estabelece entre professores e alunos, o que significa dizer que despertar a curiosidade, aguçar o desejo de aprender está basicamente preso ao comportamento do professor e num sentido mais amplo o aprender está relacionado com o brincar e com o reencontrar a criança que existe em cada um de nós [...].

Quando tratamos da educação de crianças, deve haver um cuidado especial com a relação/vínculo, uma vez que é natural da criança buscar um modelo no adulto, como nos fala Celso Antunes, que “Crescendo entre adultos, a criança forma, ao lado da imagem do eu, também a imagem do eu ideal simbolizado pelo que desejaria ser.” (2003, p.21)
Ás vezes a criança/jovem faz uma transferência para o educador (a) da relação que tem ou gostaria de ter em casa com o pai ou com a mãe devido ao vínculo formado com o professor/ educador. Nesse momento, ou mesmo antes que esta relação/vínculo se estabeleça, o adulto deve fazer com que a relação com o jovem retome o rumo adequado ao processo educacional (o professor/educador como mediador e o educando como construtor do seu aprendizado) sob pena de que uma relação inadequada jogue por terra qualquer esforço pedagógico devido a desgastes emocionais.. É necessário que o educador tenha pleno conhecimento desse processo em benefício seu e do jovem.
Sob esse aspecto temos a seguinte indicação de Barbosa em seu artigo citado anteriormente:
È necessário que o campo de transferência da relação vá sendo progressivamente superado por novas bases de sustentação. Pois o professor trabalhará para que o aluno cresça intelectualmente e não para que se transforme em um filho ideal; o aluno trabalhará para aprender e não para conquistar o amor ou hostilidade do professor.

O fato de ter cuidado com a relação que se desenvolverá com o jovem, não quer dizer que o educador tenha que manter uma postura indiferente ou totalmente afastada do jovem, mas antes, que ele deve usar o bom senso. O educador habilidoso saberá usar da sua ternura assim como da sua autoridade nos momentos e na dose certa como sugere Celso Antunes (2002, p.30): “Muita firmeza e por que não também igual doçura.”
Está implícito no ofício do professor o “querer bem aos educandos” e sobre esta delicada ação humana, nos fala Freire (1996, p. 159):

Esta abertura de querer bem não significa, na verdade, que, porque professor, me obrigo a querer bem todos os alunos de maneira igual. Significa, de fato, que a afetividade não me assusta, que não tenho medo de expressá-la. Significa esta abertura ao querer bem a maneira que tenho de autenticamente selar o meu compromisso com os educandos, numa prática específica do ser humano.

Concordando com Paulo Freire, encontramos na teoria humanista de Carl Rogers o mesmo posicionamento quanto à relação do educador/aluno/educação que vimos até o momento. Rogers (1978, p. 111-112) diz que “ a facilitação da aprendizagem significativa baseia-se em certas qualidades de comportamento que ocorrem no relacionamento pessoal entre o facilitador e o aprendiz.”. A seguir, o autor sugere “ [...] que o professor pode ser uma pessoa real, nos contatos com seus alunos. Será entusiasta ou entediado, interessado nos alunos ou irritado, será receptivo e simpático. Se aceita tais sentimentos como seus, não precisa impô-los aos alunos.” E ainda Rogers (idem, p.116-117) diz “que o facilitador que cuida, que preza, que confia no aprendiz, cria um clima de aprendizagem tão diferente do que uma sala de aula usual, que qualquer semelhança é ‘mera coincidência’ “.
O que Rogers diz nessas duas frases é que o professor/educador tem que ter conhecimento de si mesmo, saber seus limites, virtudes e defeitos e também deve colocar-se diante de seus alunos como ser humano e não como uma “coisa” que não tem sentimentos bons ou ruins. Porém, isso não significa que o professor ou o aluno, tenham direito de desrespeitar o outro, de ignorá-lo ou que deva amá-lo. O que deve permear a relação na educação é a ética, o bom senso e a noção de que tanto aluno quanto professor são imperfeitos uma vez que são humanos, mas pode-se aliar a isso, a alegria e o apreço mútuo para melhor convivência na sala de aula e melhor rendimento no aprendizado.
Essa preocupação e foi explicitamente colocada por Baden-Powell quando orientou aos chefes escoteiros que fossem como um “irmão mais velho”. Ao colocar-se desta forma, como colaborador e não como superior, o chefe escoteiro, assim como qualquer educador compromissado com os objetivos finais em benefício dos jovens, terá mais facilidade de propor metas e de contar com a participação dos jovens.
Sabemos que o Método Escoteiro tem como um dos seus pressupostos orientar o jovem para sua auto-educação progressiva, ajudando-o a desenvolver suas capacidades, interesses e experiências, descobrir novas aptidões e a conhecer-se melhor entendendo cada estágio de sua caminhada, desenvolvendo a sua auto-confiança e tornando-se uma pessoa solidária, responsável e comprometida dentro de um grupo de jovens com interesses semelhantes.
Desta forma, o Escotismo está de acordo com o que é colocado na Teoria da Aprendizagem Social que “...reconhece a capacidade individual de direcionar o curso da ação, o sujeito passa a ser visto como principal agente de sua própria mudança.” Segundo Rappaport (1981), que ainda nos diz que “[...]a explicação do comportamento humano está centrada em uma interação contínua e recíproca entre fatores ambientais, comportamentais e cognitivos.”
È com base nesses conceitos que o chefe escoteiro deve nortear o seu trabalho. Sabendo que o seu papel é facilitar e orientar para que o jovem almeje o seu crescimento, não deve buscar no jovem o filho ideal nem deve deixar que o vejam como um super-herói, mas como um ser humano que se esforça em fazer o seu melhor possível, e essa postura, é possível para todos.
O chefe ou a chefe, pode e deve, mostrar-se como homem ou mulher com limites e defeitos, mas também como pessoa que continua buscando aprimorar-se, seja como ser humano, seja como profissional ou escotista. Também deve policiar-se uma vez que os jovens o/a tomarão como exemplo, procurarão seguir os seus passos e por isso, estando dentro de uma organização com objetivos educacionais claros, não pode cair em contradição e como bom “irmão mais velho” é preciso buscar cumprir com sua a palavra e a sua promessa. Afinal, o escoteiro tem uma só palavra, e o tempo todo o jovem, mesmo inconscientemente, vai analisar se isso é verdadeiro ou não.

Referência Bibliográfica:

ANTUNES, Celso. Relações interpessoais e auto-estima: sala de aula como espaço do crescimento integral, fascículo 16. São Paulo: Vozes, 2003.

BADEN – POWELL, of Gwilwell, Lord. Guia do chefe escoteiro = Aids to Scoutmastership. Tradução de Gen. Leo Borges Fortes. 5 ed. Porto Alegre: Ed.Escoteira, União dos Escoteiros do Brasil, 2000.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 22ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

ROGERS, Carl R. Liberdade para aprender: uma visão de como a educação deve vir a ser. 4 ed. Interlivros: Belo Horizonte, 1978.

MORIN, Edgar. Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortez, 2002.

PICHON-RIVIÈRE, Enrique. Teoria do Vínculo. Seleção e organização: Fernando Tragano; tradução: Eliane Toscano Zamikhouwsky. 6 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

RAPPAPORT, Clara Regina; FIORI, Wagner da Rocha; DAVIS, Claudia. Psicologia do Desenvolvimento, volume 1, Teorias do desenvolvimento: Conceitos Fundamentais. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1981.

Página eletrônica:
BARBOSA, Vandeílson C. G. Professor/aluno: Relação Pluridimensional da Educação. Disponível em http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=813. Acesso em 5 abr. 2006.